29.8.11

Discordância.

eles fera, eu artista.
eles esfera, eu sem castidade.
eles glota, eu brasileiro.
eu cego, eles sagacidade.


eu brega, eles bossa.
eu aqui, eles nas estantes.
não nos damos, eu guerreiro,
eles deuses, onde começamos?

16.8.11

me tenha, sou trigo

ai de saudade que foge e vive,
na agonia tripla de um recado mau dado,
de um desejo constipado de tanto amar.

seguindo a rota de um sorriso gasto
a correr e gritar por sua rota além-mar,
me castigo na palma de seu bem visto telúrico.

eu dizia tanto eita, meu deus, socorra-me!
que eu não posso com essa carga de mais paixão,
baiano, amando a sua falta tão pouco gasta.

armando pro mês que bem
porque o bem tem tempo que não me tem
na procura osculante de seu vasto seio

- costa íntima da tropicália. no jambo antipolítico.
do ácido gostoso em beiços de uva e vulva ardente...
me cega, me quer com a alma debruçada sobre nosso beijo.

não é vaidade, mas eu me congelo consigo
em tempos que não percorríamos a cidade, não,
mas deitados subíamos a torre de nossa falta de juízo.

8.5.11

querem me meter burocracia, 
crachá, sapatos, dinheiro, armário,
mas esqueceram das minhas de couro
e os quilos de sombra que me animam.


nenhum couve, nenhuma flor, os céus
que me trouxessem da insônia um pássaro tenro, 
para ser meu rebelde, outrora meu calmeiro,
que me carregasse para a bem longe-atmosfera. 


mas antes de ir, me faça ter paisagens áereas
até o ângulo em que verei a olho nu quanto sou pequeno.
Eu não pensaria, afora de me desprender de suas garras, 
cair, sondar, e viver nas colônias da saudade.

26.4.11

Primeiro trecho.

nada mais que uma triste exorbitação
no castanho invertido de seus beiços,
são cabelos sertanejos? não.

cedendo pra essa alegria instantânea
nas casas de cacho, ai falta do que ser,
eu me esqueci. Seria paz?

amado metro de desacato!
ainda nas correntes de seu açude, 
e aquele restinho de boa vontade:
agonia, desejo, corpo - não é nada!

eu menti.
sim, passa. passa. passa. passa.
passa. rasgando, desbrotando.

16.3.11

alucinado.

se um dia eu me encontrasse
com a sua saia nos bailes blues.
naqueles onde morrem os pagodes,
arrochados com toda marra popularesca.

e depois nós dois na sala de estar

e um carreteiro de terceira
e um nó de amor enlatado na veia,
desde um sequestro
a um símbolo star em minha cabeça.

eu não desceria um dia de minha janela,
seria meu habitat as doces estribeiras de seu seio,
no interno cacau de seus beiços nus, meu banho;
nas aspas de um encanto poético, alucinado.

caminhos.

aí como era no começo ainda mãe,
mãe não tinha muito e decresceu comigo.                             
morreu no sapato e dada face a um romeu
chorou seis anos de pitú em pernambuco,
na roça de seu menino, da padaria...
nas beiras de santa maria. 

barriga de menino tem mãe, tem duas;
uma mainha, outra madrinha, painho não.
é.... bom de assopro, apetite e nem pensa febre          
quando corre louco por todo o campo de areia,          
não maracanã, super nintendo na mercearia,       
ou na ''ponta esquerda" entre uns botões de madeira,       
nas brincadeiras da escola de brincadeira.

mãe, nas águas e das águas de açude,
que eram meio alambiques mineiros
ou barraquinhas de pipoca da baiana
ou itamaracá num pequeno saleiro,
descia sua tenda, com toneladas
de sorrisos maresiados.

curou a sua fé indiscreta
no mercado do manéu nada português,
na meia-calça escarlate escorrendo,
ou num vestido de noventa e seis,
cursar um curso de corte e costura
e casar com o mariano magarefe.

19.2.11

...

meu ponto interno decola de minha alma
e vai na ternura de uma catástrofe púrpura,
até a morte trágica nas ruas da cidade de são tomé,
muitos tiros me atravessam a caixa, na lata!

no dia, um tremendo clássico nervoso,
não é um vasco, nem um peixe assado ao limão
menos gastronomia não é um caminho, é falta!
na ala de onde te vejo é sacanagem 
e meus ânimos, ai, agem!

é um contra-plongé de pequenino diretor,
debaixo do alto planalto, ou no pé de um são francisco
correndo nu nesse espaço que cabe apenas ao minúsculo universo,
não é um bit nem um ite muito menos um et cetera,
como quis, aquela manhã, dizer meu painho.


Sim, algo de dentro, a minha arma que dura dura.

17.1.11

Gasolina e maus hábitos.

a custo único de minha nada dura reputação,
que segurar pelos dedos as virtudes que me apontam
é muito pouco tentador..  me apontam na comanda
trinta e três reais e um maço de bollywood gasto.

minhas tensões, sim, foram causando uma vertigem inóspita
porque gritava internamente, desejoso de beber j com g,
os sons ou as sanções militares de minha impureza comparada,
ardida na garganta quente como verbo de uísque falso.

esses dias não escrevo, sujo o aditivo de minha felicidade
com algo que não chamo poesia subversiva ou maldita,
mas não nego que me compõem todos os dias
a mais inaudita das sensações corpóreas

e me escrevendo coisas que soterram os meus ouvidos,
canso de mim mesmo, no mesmo dia em que copulo
com a receita médica que Orson me passou,
quero convidar meus animigos pra comer raposa crua

e criar suas benditas bonecas sobre a cama que sobrou
sem amor, sem condições mínimas de sua presenças com k.

que seja!

14.1.11

Subtítulo

eu mesmo quero me receitar o blues
e a hermenêutica que jamais saiu de minha nuca,
recorrer a jurisprudência da alma armada
até as fivelas de minha calça sem botões.

quero ir comigo e voltar sem esse traste anti-atlético
que me compõe nos dias vinte e um,
sem a narina corrompida de doces venturas
e muito prejuízo sem juízo no bolso.

sonho médico, arquimédico...
mas não sei escrever uma carta que lhe tome o corpo,
o sonho cáustico e desmedido de me cansar a transa,
o ângulo vívido de minhas lentes taradas!

23.11.10

Vem

amor dará, desde que que não se cobre
por um peso inconquistado da matéria,
sob a arma maléfica de transar alegórico,
desde que não sacrifique a poligamia,
aquela instântanea de se ser outrem.

nem que desfibrile este tecido de desejo oculto,
ou recorra à justiça do coração manso,
ou cuspa no imenso lago que se fomenta de tristeza,
porque quero e não te quero aguçada por mim,
na ordem em que eu mesmo nomeio contraponto.

quero que tu me afagues agudamente,
com a sua agressividade num laço bravo,
num ato de me esmagar na semântica, quero que entres
e te retires de tua ética, quero continuar quente
aquecido por minha etéreas companheiras.

e aponta meu custo por onde quer que aponte,
não quero me logre minha grécia interna,
ou mesmo me deixes de amor com teus beijos,
com tua fava ao se desmanchar em pétalas.