27.5.09

Homem não pára, pássaro, claro.

Serei pássaro tanto tempo nesta natureza farta,
O tempo, em sua maneira, longe, nem me espera.
Serei superestimado pelo dono do mundo inteiro,
E nas praças que nele houver não serei forasteiro.

Recanto em que serei o dono de todos os bares,
E onde a lei fale alguns tons da libertinagem fedida.
Onde nós, bêbados do século, caminhemos inertes
Tal como caminhávamos no berço do cinema oito.

Com isto, agredecido, creio que um dia se soltem
Todas aquelas ordens da bitolagem contemporânea,
Que gritaram nossas proles irriquietas e gozando mais,
São iguais aos nossos futuros falecidos, daqui para frente.

Entretanto, se lhes trago tamanha fratura em minh'alma,
Jamais por que sou um tolo moribundo, é que falta tudo,
E um enorme peso às mãos castigadas aparece rompendo
Com a falta de ofício, com a idade triste, e um cargo da alta.

24.5.09

O néctar que cabe ao mundo.

A eclosão de dois amores e de dois mouros
nada de excêntrico tem, é verdade.

O beijo de dois homens ou de duas mulheres,
ah, meu caro, nada de excêntrico tem.

Se eles são explícitos - sejam loucos ou caretas,
nada, nadinha de excêntrico tem.

Ou se eles dilaceram uns aos outros, tolos,
fere-me pouco, mas isso é de alta excentricidade.

Caso queiram armas ou amar-se mais, realmente,
nada de excêntrico e nada de satisfatório, no mundo.

Se me pedirem a morte, ou me furtarem a alma,
sinceramente, se forem piedosos, nada surpreendente.