27.3.10

Pedido aos meus irmãos.

Se me pusessem na ladeira da bahia,

eu me tornaria logo um joguete do amor,
e ao estalar dos tempos, morreria

e morrendo sim, pois homem
passado pela substância da vida,
sou de gritar e correr e fugir
dessa fulga irritante,

e comer destes pastos macios
que não nos cresce a vala do espírito
e acaba no raso do meu currículo
e dos beijos na menina da sidra,
da sidra que ontem tramava

porque não me tenho mais tempo,
tenho de ir e vir da escatológica viagem
entre vocês e mais um copo de licor,
quero sentir minhas mãos trêmulas

e seguir como seguia na minha terra
com minhas partes tiritantes e intinerantes
de um amor para outro todavia doído,
evidentemente, como os outros.

Mas que me passe esta ideia
de olvidar a bandeira branca e tomar guerra
e da guerra, eu quero morrer bem jovem
e que não me dêem sequer uma boa notícia.

Quero exalar a tristeza 
durante minha morte longa e dolorosa,
e de repente, meu bem, sorria, meu bem
agora sou só eu e você na casa das frações.

Des.

Todo mundo se encontra no inteiro,
de mundo sádico, de boas camaradagens - 
não serei um porco esquecido de ontem,
bebi demais, de noite bebi demais
e os faróis acesos, passe livre.

Ainda mantenho a consciência free
de que tive, por duas vezes, essa falta
e procurei nos pés do meu lobo particular,
nas tardes inesquecíveis, no meu claustro.

Os meus irmãos se rebelaram na faceta
daquele comunismo que não prospera
nem aqui dentro ou lá fora, cospe
e derrama na alma a prata

e da prata tiro o colar que lhe prometi
com a ferida de que se beija em público
a cara passada de um pouco moço, vadio
e diz: sim, eu ouço, mãe! eu ouço!

21.3.10

Fruto.

A sua importância passa a minha,
que não bebe do cálice do humor da vida
e seca na pastagem de áureo cultivo,
morre na garagem do óvulo materno

e sobra nos tantos vinhos da casa,
sedia a copa dos descontentados e tristes,
dos armários alegrados pela nova louça,
o sangue bebido pelos macroscópicos carrapatos,

minha importância bebe nos seus pés
a dignidade de quem nada tem,
ultrapassa os babélicos fortes de deus,
no canto do viúvo teórico, macarrão sem molho,

teoria sem contexto besta, ouvido límpido,
uva sem semente, castigo sem choro,
meu caminho anda sem passo
no passo em que passo
mais um dia aqui.