23.11.10

Vem

amor dará, desde que que não se cobre
por um peso inconquistado da matéria,
sob a arma maléfica de transar alegórico,
desde que não sacrifique a poligamia,
aquela instântanea de se ser outrem.

nem que desfibrile este tecido de desejo oculto,
ou recorra à justiça do coração manso,
ou cuspa no imenso lago que se fomenta de tristeza,
porque quero e não te quero aguçada por mim,
na ordem em que eu mesmo nomeio contraponto.

quero que tu me afagues agudamente,
com a sua agressividade num laço bravo,
num ato de me esmagar na semântica, quero que entres
e te retires de tua ética, quero continuar quente
aquecido por minha etéreas companheiras.

e aponta meu custo por onde quer que aponte,
não quero me logre minha grécia interna,
ou mesmo me deixes de amor com teus beijos,
com tua fava ao se desmanchar em pétalas.

Planos.

Cantou beatles, comeu madonna,
um bom caviar, manga com leite e mocotó,
acordou bem, com um tiro na perna,
e um recado de adeus dos pais.

Reciclou quinze quilos de plástico,
foi ao pedicure depois de três anos,
bebeu absinto, tomou ácido lisérgico,
e mais tarde sentiu dor de barriga.

Chegou em casa vindo da universidade,
estava de cara, sem massa, sem diazepam,
sem nada, senão a sua cura, sua cuca
desesperada, cansada, ociosa.

Jamais pensou em usar película,
tinha um ipod, e hoje mesmo o trocou por uma arma,
queria assaltar um banco, comer jennifer lopes,
achar ouro em minas gerais e virar estrela,

mas o cinema não coube na sua mesa,
e seu carro, sem gasolina, sua a alma sucumbiu,
a polícia aplicou multa, o rato roeu sua cama,
sua mulher o deixou esperando na igreja...

está preso.

Fanta.

quis ser bem consigo mesmo,
acabou morto na praça da sé,
enquanto marcelino falou bem alto,
antes era somente o rei da grécia,

e se tornou heróico no vietnã
depois na fórmula um da bélgica
e compos um samba com jobim,
comeu os pastéis paulistas,

fumou maconha, cheirou cocaína,
sempre achou que isso era suicídio,
mas está vivo, que pena:

casado, empregado
e triste.

Cass.

Pois que pingo por dias, sem me gastar,
metros cúbicos de malabares no amor,
como pera como se comesse você,
deitada, roubada por mim.

aí, me derreto na metafísica louca
de nosso anticontato religioso,
no avesso que me entrego todo dia,
nas palmas da antígona em meu banheiro!

Eis que me trago como quero te carregar
no quis diáfano de meu cais romântico,
no sempiterno terno engomado,
entre seu perfume marquês.

Suicido no sadismo que ejacula
aquele paraíso na sua vala faminta,
e busco pão, e arroz, e açúcar e cigarros
no canto de seu coração bruto, feito um tijolo
de matar, de cansar, de torrar.

Cachê.

Sonho no sonho não cabe,
nunca coube nos meus fígados de embriagado,
nas minhas taras taradas, nem por sob as minhas calças
inibidoras de nossos proveitosos anseios sexuais.

nunca coube por que sempre quis entrar
em suas nalgas, cansar de amor, e repetir,
passar trotes e porres em um tal de diego,
meter-me por entre seus sutiãs
num mergulho desses.

quero a biles, o ouro
a caça, não matar o touro, o bosque
a bolsa de nova iorque, o corte de barba,
a transa, tudo muito sem fatalidade.

não me reino na pássara passada
de quando me morgo na paula,
na casa de um amigo pirado,
subindo pelas paredes.