29.4.10

Exercício.

Quero sentido que faça sentido,
palavra que não fala da Palavra falada.
Resquício que mate a minha fome,
que me mate quero droga que drogue,

Deixe também apertados meus rins,
minhas narinas consumam, engulam meu coração,
quero um infarte de cinema, sem teima,
morrer sem medo de morrer e ir mais,

mais que antes pensava sobre a morte,
encontrar com jesus e poder cuspir
minhas décadas de sobrevida,
cheia de vidas e mais vidas idas,
 
eu fumo por que não tem solução
pra ir mais tarde como eu queria menino,
não dará tempo de ser a tara e a discórdia,
o completo bem da vida e o inferno na vida,

mais tempo para o que é em mim repetido,
eu quero continuar num loop sem fim,
bebida todo dia, novas pessoas, sempre!
Jamais, pois, pessoas velhas Que morram em mim.

 


Sexta-feira, 29 de Abril de 2010.

Óculos côncavos.

Se nos tomamos como breves animais,
então terei de engoli-lo vivo, sangrando,
depois a sua mulher e o grande presidente,
que manda na república interna da casa,
é o pai da greve, gosta é da farra,
comer e beber a noite inteira.

Quando fui em Feira,
exaurido pela pacacidade,
cheguei na cidade indo e voltei
antes do meio dia, sonhei que lá nada tinha,
senão, chão e mais chão sem caminho.

Eu me provoquei dias de perdido,
e na selva encontrei pouca coisa que sabia,
encontrei uma água que não embebe,
e sabão que não espuma, coca uva
e um beque que não bate.



23 de Abril de 2010.

Descrição.

No mais, respeitamos ao menos o espaço
e suas consequências mais severas,
quiçá, estúpidas, comemos
e deitamos nesses escombros eternos,
andamos rastejados, cinco vezes ao mês.


Meus dias são a penitência que nunca quis,
morando sem prédios, sucesso
e algo mais, sem sexo,
digamos, tem sido quase sem nexo,
é por isso que rimo feiamente.


Queremos pais que tragam paz
e eu me sinto metade sim, metade não,
ou qualquer coisa pouca
que não me basta nem para sede,
a sede de tomar uma kaiser ou as serras todas
de açúcar:


álcool por álcool, remédio por remédio,
tédio por tédio, tabaco por tabaco,
anda tudo muito repetitivo, ainda,
ele era meu amigo antes de ser amigo,
inimigo antes de nascer e ser vivo.
 



23 de Abril de 2010.