8.5.11

querem me meter burocracia, 
crachá, sapatos, dinheiro, armário,
mas esqueceram das minhas de couro
e os quilos de sombra que me animam.


nenhum couve, nenhuma flor, os céus
que me trouxessem da insônia um pássaro tenro, 
para ser meu rebelde, outrora meu calmeiro,
que me carregasse para a bem longe-atmosfera. 


mas antes de ir, me faça ter paisagens áereas
até o ângulo em que verei a olho nu quanto sou pequeno.
Eu não pensaria, afora de me desprender de suas garras, 
cair, sondar, e viver nas colônias da saudade.

2 comentários:

Anônimo disse...

Meu caro Augusto, há algum tempo que não sentia o real significado da poesia. É difícil de se encontrar no mundo. Mais difícil ainda de se encontrar no hoje. Quase impossível de se perder e divagar sobre as letras assim, quando tudo o mais que se vê por aí afora é desperdício de letras.
Gostei de verdade, velho. Não apenas pela falta de título. Mas por que o texto é todo ele seu próprio título.
Saudosos abraços!

Glaycianny Pires disse...

"nenhum couve, nenhuma flor"
Adorei isso, mesmo tendo uma visão diferente do que você pensou ao escrever. Gostei da idéia de masculino e feminino no mesmo couve-flor : )

;*