Dos inacessos urbanos
a fome branca dos gatos de rua
o sono catarse dos desastres humanos
à face do barro como quem mandioca murcha
no recreio sem bola de meia e priori
passou meia hora para repensar a vida inteira
e na minha horta que pena não chove alegria
sobra gente nua na beira da estrada
e de triste que me senti
não quis lá de saber as regras
a gramática do desespero é a única
que me acude.
Sem maquiagem na festa dos esfomeados
que curtem aquela casa amarela que é nossa
e que por ser nossa mesmo falta amor
é um asilo de abraços perdidos
de esquecidos anoitecidos
bebidos por nós
assassinos
de nós.
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