22.4.10

A arquitetura da filosofia na modernidade.

   O mundo do entretenimento frustrado e dos conceitos simples e passageiros - enlatados - trouxe um obstáculo (cabala) para o pensamento filosófico, um tecido de contraponto que atinge dimensões prejudiciais a essa corrente das ciências. A banalidade das ideias contemporâneas ofuscou a importância da filosofia quando pensamos na sua leitura, na interferência ao seu leitor e, possivelmente, na construção do pensamento moderno. Uma espécie de bloqueio no século que, se supossemos a ordem cronológica da história, deveria agregar e reconstruir conceitos adequados a realidade. 
   Exatamente o que não acontece. E essa problemática passa pelos jovens e adultos (menos instruídos, talvez) que refutam a clareza dos sentidos da filosofia habitual até os difusores da comunicação pouco preocupados com isso e, claro, a política pouco compromissada com o conhecimento de seus súditos e provedores. Necessitar destas destas práticas diárias e do bom senso usual com a delícia que o conhecimento nos traz parece algo distante de nossa moda temporária. Uma contra resistência à sabedoria, aliás, a busca dela. O que me vem logo quando penso nessa inconsistência da sociedade, é em termos do que seremos sem a inerência da racionalidade ainda mais forte nas tomadas do cotidiano. Parece pouco preocupante e, ao mesmo tempo, inimaginável. Mas o que é pensar filosoficamente? Os mais claros a definem como um processo que se inicia especificamente nas ideias primordiais, no mundo intelectivo e mesmo na sua própria gênese, questiona (e nem sempre responde) o que é a vida e seus signos. Geralmente, não nos sentimos aptos a Filosofia porque nos vemos distantes da verdade, e o quê e de quem seria a verdade, que não tomamos nunca, por uma posição pouco vaidosa, como nossa também e numa profunda recriação de si mesma. 
   Sim, caímos novamente no genérico, termo que também obstrui um tipo de coesão, estamos extamente no esquema que uniformiza o desconhecido. A exemplo disso temos, não a crença, mas as conveniências da religiosidade, que cobrem conscientemente as más execuções dos estados, a miséria sócio-econômica permamente, as diversidades absurdas entre nós de uma ou outra classe da sociedade, que justificam às cegas motivos das guerras cristãs, dos massacres étnicos e tudo mais adverso a nossa existência. Algo que em si se reforça, sem o saber, de uma filosofia bastante encrustada, bem elaborada num sentido ideológico, que subverte as grandes massas, segundo Karl Marx, em outras análises e numa viagem sociológica. Pois bem, a Filosofia está na base de todas concepções. Precisamos parar e sentir as necessidades desse pensamento, discutir com nossos semelhantes a respeito de suas inquirições, consentir inicialmente, depois fomentar antíteses, e logo sínteses, estabelecendo dialética, de modo simplório e claro. Filosofia contínua e, numa denominação extrema, instintiva, naturalíssima. Aproximar isso da nossa subjetividade para alçar novos caminhos, descobertas inéditas e compartilhá-las abertamente. Evidentemente, percebemos nesse instante o que significa a ciência filosófica e a que lugar chegaremos navegando neste rumo, sempre em transformação. Obstinadamente vive e sempre viverá no mínimo e no máximo das sociedades.

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